Supercombo é dessas novas promessas do
rock nacional que, definitivamente, sabem a que vieram e acabam deixando
impacto em quem ouve ou assiste às suas apresentações ao vivo. A banda traz em
si uma energia jovial e alegre em suas melodias, mas, na verdade, parece se
propôr a ser um paradoxo ambulante: a alegria, na verdade é capa sarcástica
(beirando ao ácido) para questionamentos profundos sobre a existência e a
hipocrisia de nossos tempos.
Em Rogério, nome eufemístico para a
figura do Diabo, temos essa mesma acidez envolta de jovialidade para questionar
a nossa geração, a hipocrisia, os donos da verdade.
Rogério, que não apenas figura na capa,
mas aparece em quase todo o repertório, é construído como o álibi para todos os
nossos erros, pois no lugar de nos culparmos pela hipocrisia, pela ânsia de se
autoafirmar com verdades vomitadas em comentários de facebook, culpamos o mal,
o outro, o antagônico ao bem que representamos... O diabo, Rogério.
Com participações de artistas que
representam segmentos diversos na música como Gustavo Bertoni, vocalista da
Scalene, Lucas Silveira, da Fresno, Mauro Henrique, da banda Oficina G3,
Medulla, Sérgio Britto e até Negra Li, Rogério
é um manifesto sarcástico que ridiculariza a figura do dono da verdade, que
conhece a todos e a tudo, dentro da cabine superprotetora de seu quarto, frente
a uma tela.
Nem é tão importante você gostar de
rock,na verdade, basta você participar da geração y, pós-moderna, pós-revolução
cibernética para entender cada riff, cada arranjo, cada letra como uma
descrição, por vezes constrangedora, do que somos nas nossas tentativas de nos
autoafirmar diante de um mundo cada vez mais fragmentado e confuso.
Músicas indicadas: Bonsai, Monstros e
grão de areia.
NOTA: 4/5
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