Imagem reprodução do clipe Jeremias de Gabriel Iglesias. |
O ano de 2016 foi pesado para todos nós não tem como negar. Vários acontecimentos que vão desde catástrofes até nossa instabilidade econômica e crise política. Considero que em muitos momentos, viver esse ano mais pareceu com respirar fundo diversas vezes. Não é de se negar o papel de bálsamo que a música tem nesses momentos dramáticos de nossas vidas ou de nossas dores coletivas e 2016, nesse sentido, não nos decepcionou.
A
lista a seguir contém desde álbuns de artistas comerciais até aos mais
independentes, no segmento nacional e internacional e que, de alguma forma
tornaram-se minha trilha sonora em diversos momentos; assim também como álbuns
que escutei recentemente (seja porque foram lançados quase no fim do ano ou
porque eu só tive oportunidade de ouvir agora) e que, com certeza, merecem
estar aqui.
Obs.: Os discos não estão em ordem de preferência, mas acredito que os meus destaques foram 22 a million (Bon Iver); Diálogo número um (Estevão Queiroga); Pedra em Carne (Gabriel Iglesias); The Eternal Son (Rivers and Robots) e Not to Disappear (Daughter).
1. Out
of exile – Strahan
Diferente
do primeiro disco, Strahan traz em Out of exile texturas mais próximas ao indie-rock,
pop e ao alt-country, construindo tematicamente um caminho que sugere o que é
viver no exílio, na linguagem bíblica e o quanto a caminhada aqui nos molda à
consciência de que há um país que pertencemos de verdade.
Destaque:
Need You.
2. Melhor
do que parece – O Terno
O
terceiro disco da carreira do jovem trio paulistano, O terno, figura como uma
das obras mais deliciosas de se escutar do ano. Sem medo de ser pop, mas sem
perder a mão, o trio constrói um álbum repleto de influências que vão do rock
anos 60 (som, que muitas vezes lhes é característico) até o ska e indie rock.
Destaque:
Melhor do que parece
3. Tuyo
– Tuyo
O
trio formado por Jean Machado e as irmãs Lilian e Layane, ex-integrantes da
extinta (e saudosa) banda Simonami, mostram um outro lado estético no projeto
de estreia. Contando com algumas regravações e outras canções autorais, Tuyo, em uma sonoridade folk Lo-FI, apresenta
elementos que remetem a um som orgânico com letras que, assim como Simonami,
exploram o universo das dores humanas de uma forma bonita.
Destaque: Solamento
4. Daughter
– Not to Disappear
A
banda britânica de indie pop e indie folk, em seu segundo álbum na carreira,
consegue ser mais feliz ainda que o lindíssimo If You Leave, na minha opinião (e seus diversos
EP’s). Not To Disappear traz em si uma densidade que com
arranjos belíssimos de riffs flutuantes cria um universo de sonho, de fuga,
tendo a voz de Elena Tonre como um espetáculo à parte.
Destaque:
How
5. Diálogo
Número Um – Estevão Queiroga
Em
seu álbum de estreia, Estevão Queiroga, primeiro artista lançado do selo LG7
pertencente a Leonardo Gonçalves, constrói um repertório permeado de
brasilidade que vai da MPB até o soul contribuindo para uma sonoridade original
com letras que tecem um verdadeiro diálogo entre a personalidade de quem canta
e quem ouve, fazendo com que, ao final, todos se descubram no mesmo barco: a
busca por si e por Deus.
Destaque:
A Partida e o Norte
6. Mahmundi
– Mahmundi
Mahmundi
é projeto da compositora e multi-instrumentista Marcela Vale juntamente com
Felipe Velozo e Lucas de Piava que, em um estilo próprio, flerta com o ló-fi,
indie, música eletrônica e o experimental. Depois de dois ep’s que lhe renderam
elogios e nome carimbado em diversos festivais alternativos do país, Mahmundi, primeiro disco, chega com autorais e
regravações dentro de um universo meticulosamente arranjado e produzido, com
timbres e sinths que dão mais corpo à voz da carioca.
Destaques: Sentimento; Leve
7. The Brilliance – See the love
Tendo
David Gungor, irmão do músico Michael Gungor, como vocalista principal, o duo
de indie worship, como é nominado lá fora, traz nesse EP
de quatro músicas, uma mensagem de denúncia contra todo ódio propagado em nome
do amor, inclusive (e principalmente) no meio religioso cristão. Se aproximando
de uma sonoridade que compreende o som do indie-pop e influências dos anos 70,
assim como hip-hop, See
the Love é um verdadeiro manifesto em nome da
paz e do amor.
Destaque: See the Love.
8. Keaton
Henson - Kindly Now
Apesar
de, particularmente, eu ter esperado mais do álbum, Kindly Now, consegue ser um belíssimo trabalho que
vai desde a concepção da capa, que é uma verdadeira obra de arte (o que já deve
se esperar do Keaton que também é artista plástico, para variar) até o caminho
que se propõe nas suas letras e melodias tristes que, como é do perfil do
artista, refletem sua vida pessoal.
Destaque:
No Witnesses
9. Anavitória
– Anavitória
Anavitória
é uma junção de dois nomes que pode muito bem ser um só. E nessa lógica, as
duas garotas do Tocantins, formaram um duo, e, descobertas por Tiago Iorc e
após um grande sucesso na internet, lançam seu primeiro álbum. Anavitória, por carregar o nome do duo se
responsabiliza por apresentar a identidade musical das moças em um delicioso
repertório que conta com o pop, as raízes nortistas e o folk. Delicioso de se
ouvir e cantarolar durante o dia.
Destaque:
Agora eu quero ir.
10. Bon
Iver - 22, A million
A
arte tem o poder de incomodar, e se não incomoda, traz bálsamo, mas o que se
pode concluir é que não tem como sair inerte a um conteúdo verdadeiramente
artístico. O novo disco da banda indie Bon Iver, encabeçada por Justin Vernon,
com certeza incomodou bastante com uma sonoridade por vezes obscura e difícil
de entender, diferente dos trabalhos anteriores que brincavam com o folk e o
indie.
22,
a million, o terceiro disco de carreira da banda
que, dessa vez, flerta com a música eletrônica, incomoda por ser fragmentado, uma
porção de colagens, uma porção de misturas que resultam numa quase confusão
quando de repente situa quem ouve em um alívio. Definitivamente você não sairá
inerte e talvez só venha a entender (ou não entender) tudo quando ouvir pela 5º
vez consecutiva.
Destaque:
8 (circle)
11. Crombie
– Como diz o outro
A
banda carioca encabeçada por Paulo Nazareth, desde o registro ao vivo em Niterói
não lançava e surpreendeu a todos com os novos ares de Como diz o outro.
Tematicamente,
o caminho registrado no álbum busca entender, diante de tantas vozes falando
tantas coisas em um mundo pós-moderno, onde e quando perdemos a nossa
capacidade de ouvir o outro.
A
sonoridade da banda também traz novos ares com um pop brasileiro com
influências do indie rock e do rock alternativo de bandas brasileiras como Los
Hermanos.
Destaque:
Da rotina
12. Gabriel
Iglesias – Pedra em Carne
Um
dos discos mais aguardados por mim este ano, apesar de conter algumas músicas
que eu talvez descartaria para uma melhor coesão temática (mas quem sou eu não
é mesmo? Haha), não me decepcionou e mostrou a que veio. Gabriel Iglesias é um
dos artistas do selo LG7 e foge extremamente da linguagem e mercado gospel
tanto por suas letras quanto pela estética. Pedra em Carne, como já escrevi aqui, tem como mensagem
o caminho percorrido que conta como a Lei se tornou em carne e nos possibilitou
uma nova aliança com Deus e ao mesmo tempo nos põe Jeremias como figura que nos
representa em nossas angústias existências diante do peso da Palavra e a
responsabilidade para com o resto do mundo.
Musicalmente
é um disco ló-fi, orgânico, com flertes com o indie-folk e o experimental.
Destaques:
Jeremias; Jerusalém.
13. Supercombo
- Rogério
Com
uma acidez que já é característica nas letras da banda, Rogério é um álbum conceitual que critica a
intensa busca por culpar o outro, em uma geração viciada na própria imagem e na
própria segurança em destilar ódio a todos atrás de uma tela. Com participações
de grandes e diversos nomes de vários segmentos da música brasileira, o
terceiro disco da banda é um dos melhores até aqui.
Destaque:
Monstros.
14. Rivers
& Robots – The
Eternal Son
Há
pouco tempo conheci essa banda e, juntamente com The Oh Hellos, tem sido minha companhia mais frequente
no spotify. Escutei todos os álbuns e fora o Take Everything, este aqui, pra mim, figura como o
melhor da banda até agora.
The
Eternal Son é um disco que traz letras que abordam
a figura de Cristo e sua majestade, como é característica das letras da banda
britânica e, por esta razão, recebem, como gênero musical a nomenclatura de indie worship. A grande diferença da Rivers and Robots para as demais bandas de worship é que o som dos caras é realmente
indie-rock britânico, com camadas de vocais que dão suporte aos arranjos de
guitarras. Com certeza é uma das descobertas preferidas do ano, pra mim.
Destaque: One Day With You.
15. Alexandre Magnani - Janela
Eu nunca tinha
parado para ouvir nada do Magnani, até este disco e fiquei positivamente
impressionada com Janela por dois motivos: o primeiro
consiste na musicalidade fresca do Alexandre, que é guitarrista, e apresenta na
obra referências ótimas de um classic rock e blues, assemelhando muito com o
som do John Mayer. O segundo motivo é o conceito do álbum, que pelo título
denuncia novas perspectivas para a práxis
cristã. Olhar pela janela significa descobrir novas possibilidades e
desconstruir muitos conceitos para assim crescer e, quem sabe, poder enxergar
Deus para fora das quatro paredes de nossos templos simbólicos.
Destaque: Mi mi mi em sol maior; Um dia
de cada vez.
Gostou da lista? O que mudaria?
E você? Qual a sua lista?
Diz pra mim aqui nos comentários <3