sábado, 30 de dezembro de 2017

MELHORES DISCOS NACIONAIS DO ANO (OU AQUELES QUE EU CONSEGUI ESCUTAR E AMEI!)


A primeira coisa que tenho a dizer acerca desta lista é que preciso escutar mais música brasileira - o que é estranho já que considero nossa música a mais criativa, sensível e incrível de todo o planeta - patriotismos e arrependimentos à parte, tenho a total ciência de que tenho uma lista maior de discos nacionais para ouvir e apreciar e que não me foi possível, visto que 2017 foi praticamente em inglês para mim. 
Por vergonha do tamanho da lista, alguns dos discos ouvi em cima da hora - como agora enquanto ouço Caravanas do Chico Buarque e analiso se gostei ou não gostei - outros foram reais companheiros e donos de replays eternos, então eis aí minha humilde lista dos "Melhores discos nacionais do ano" segundo a minha própria opinião, claro. 


14. Todas as bandeiras - Maglore



Se a música de Maglore pudesse ser sinestesicamente definida, talvez tivesse gosto de suco de limão gelado ou cheiro de praia de tão tropical e alegre que os baianos conseguem ser. E não é diferente com o mais recente disco da banda. Todas as bandeiras  vem com leveza em tempos difíceis de polaridades políticas, ideológicas e guerra de ódio por palavras aqui no país, evocando a unidade de todas as pessoas, todos os povos, todas as etnias para o que verdadeiramente os une.

13. Som e Silêncio - Hévio Sodré 



Contrapondo toda a estrutura do gospel em reproduzir clichês líricos e arranjos semi-prontos, Hévio Sodré apresenta um disco autêntico que, se não fosse a salada rítmica, poderia ser ainda melhor. Ainda assim consegue trazer letras autênticas e canções bem bonitas que passeiam entre o folk, rock 60's, mpb e pop.


12. Legrand - Legrand 




Este talvez seja o nome mais desconhecido da lista e foi fruto de uma indicação de uma amiga. O ep de 6 músicas e menos de 20 minutos nos mostra muita energia ao apresentar canções de pop alternativo e indie pop com pegadas de synths anos 80. 


11. Ayrton Montarroyos - Ayrton Montarroyos 



Talvez você conheça este nome da edição do The Voice e pensou certo. O pernambucano lançou o primeiro disco este ano contrastando com tudo o que se esperava de um segundo lugar de um programa de calouros exibido pela Globo. No lugar das baladas românticas pop ou do pop adocicado, Montarroyos apresenta um compilado de canções que mais relembram os melhores momentos do chorinho e samba raiz com uma poesia bem brasileira. Coisa fina! 


10. Lá vem a Morte - Boogarins





Demorei pra ouvir Boogarins por motivos de: sou resistente à psicodelia, mas fui mais forte que minha zona de conforto e ousei ouvir o novo disco Lá vem a Morte e foi uma acertada decisão. Presente em basicamente todas as listas de sites conceituados de música brasileira, o disco que contém 8 músicas entre ambientações instrumentais densas e abstratas, com letras bem construídas em uma poesia igualmente densa faz do álbum algo interessante no ano.


9. Gragoatá - Gragoatá 



Com muita dor na consciência pelo número pequeno de discos brasileiros que escutei, acabei lendo uma porrada de listas de melhores do ano nos sites que confio e fui conferindo disco por disco, analisando, tentando sentir o que ouvia até chegar nessa beleza aqui. Em uma delicadeza de canções produzidas à base de violões e percussão aliada a uma voz doce da vocalista, Gragoatá é pra sentir todo o frescor da nova safra da música brasileira (e que me fez ficar curiosa com todas as outras músicas do grupo). 

8. Vem - Mallu Magalhães 



Mallu Magalhães deu o que falar neste ano e, infelizmente, de forma bem negativa após um clipe que não contribuiu muito para a desconstrução de objetificação de corpos negros e principalmente após insinuar existir racismo reverso (????) em rede nacional. Por essas razões demorei para ouvir este novo disco da paulista e, apesar de todas as controvérsias e infelicidades, tenho que admitir que Vem tá em um nível altíssimo de qualidade, mostrando que às vezes a arte tem que estar acima das burradas do artista. 

7. Reversos - Felipe Valente



Mais um do selo LG7 do cantor Leonardo Gonçalves, Felipe Valente, bem conhecido no meio adventista lança seu segundo registro, dessa vez se afastando um pouco do pop/rock do disco de 2009 e aproximando-se mais de outras vertentes do rock, bem como a utilização precisa de arranjos de instrumentos de sopro com canções que brincam com o universo do pop/rock, folk-canção até post-rock como na canção que dá nome ao álbum.

6. A Última Palavra Feche a Porta - Plutão já foi Planeta



Leveza, alegria e tempo de sol, é isso que se sente ouvindo o novo registro da banda potiguar. Enveredando pelo indie-pop, folk-pop e pop/rock com letras de riqueza lírica com participações mais que especiais como Maria Gadú na canção Duas, mais bonita do disco na minha opinião. 


5. Quietude - Os Descordantes 




Apresentada há pouco tempo por uma amiga do Acre, no exato momento em que escrevo essa etapa da lista (na madrugada, comecinho do dia 29 de dezembro), os Descordantes vieram como aquele tiro no coração, sabe? Em meio a baladas românticas com pegadas de rock anos 70, estilo Roberto Carlos mais o brega antigo com cara das canções tristes e lindas dos Paralamas do Sucesso (como observou uma amiga) e até as melhores baladas do Jota Quest, a banda do Acre, apresenta um disco de beleza, pra ouvir chorando e sentindo cada letra, cada acorde e cada melodia. 


4. Um Corpo No Mundo - Luedji Luna




Recentemente ouvi essa obra-prima inspirada em uma playlist composta só de artistas pretos brasileiros e fiquei encantada com tudo o que senti ouvindo. Ancestralidade, poesia e doçura; percussão, coração e leveza são elementos-chave para Um Corpo No Mundo, uma obra que aborda o pertencer de um negro, e que coisa bonita quando quem é preto se identifica com a poesia, a resistência e a beleza de um disco tão coeso e bonito quanto esse. 

3. Young Lights - Young Lights



Apesar do nome em inglês e de também cantar nesse idioma, a banda é brasileiríssima de Belo Horizonte. Young Lights é recheada de camadas de pura beleza que flertam com post-rock, britpop e rock alternativo, lembrando os tempos de ouro de Coldplay nos discos X&Y e A rush of the blood to the head, por exemplo. É pra ouvir e chorar. 

2. Pra Doer - Tuyo 



Essa aqui tem lugar especial na lista e no meu coração não apenas pela relação de uma verdadeira fã (de encontrinho, de compartilhamento marcado e de grupo de whatsapp, pra você ter ideia) mas também e principalmente pela beleza que o Pra Doer veio aliado à toda a originalidade do trio paranaense. O EP com 4 músicas une o folk minimalista, os arranjos vocais cheios de doçura e harmonia das irmãs Lilian e Layane (pra você que curte The Staves isso aqui é uma loucura de bom) e os beats eletrônicos e arranjos instrumentais de Jean Machado. É pra ouvir com olho fechado e mão no peito, pode ter certeza!

1. Recomeçar - Tim Bernardes



O paulista conhecido por ser vocalista da banda indie O Terno distancia-se um pouco do humor ácido da banda para falar de dores, experiências pessoais e um caminho de redefinição de identidade em uma verdadeira obra-prima que alcança o primeiro lugar, com certeza, da lista. Recomeçar é profundo, honesto e incrivelmente belo com canções de um esmero instrumental (inclusive todos os arranjos assinados pelo próprio Tim) que vão de cordas até harpas como também de uma delicadeza lírica. Um verdadeiro tutorial de como ser um artista!

Abaixo você pode conferir minha playlist com cada canção que mais gostei de cada disco citado:




Obs.: como o critério para a seleção é de ter apenas lançamentos do ano, deixei de fora o álbum "Cordões Umbilicais" (2015) de Flaira Ferro, mas que também foi um mantra para mim este ano. 
Obs.2: Eu percebi nas minhas pesquisas que muitos, mas MUITOS discos nacionais saíram este ano e não tive tempo de ouvir todos, por esta razão há muito terreno pra se explorar em 2018.

Nenhum comentário:

Postar um comentário